Rio das Ostras: Terreiro registra ataques e denúncia envolve morador que se diz policial
Imagem: RC24H

O Terreiro e Ponto de Cultura Afrocentrado COMAC, localizado no bairro Bela Vista, em Rio das Ostras, foi alvo de uma série de ataques entre os dias 19 e 21 de agosto. Os episódios, denunciados como racismo religioso, teriam sido cometidos por um vizinho do local, que se identificou como policial durante as agressões.

Em uma transmissão ao vivo nas redes sociais, a dirigente do COMAC, Claudia KFaiet, relatou a sequência dos acontecimentos. Segundo ela, no primeiro dia o retrovisor de seu carro foi quebrado. No dia seguinte, o muro do terreiro apareceu pichado. Já na manhã do dia 21, o agressor teria arremessado pedras contra o local, enquanto proferia ofensas, ameaças e xingamentos de cunho racial e religioso.

Ainda segundo o relato, o homem declarou ser policial e teria dito que “não daria em nada para ele”. A Polícia Militar foi acionada e, ao chegar ao local, retirou o homem em uma ambulância, alegando que ele estaria em surto psiquiátrico. O caso foi registrado na 128ª Delegacia de Polícia de Rio das Ostras e está sob investigação.

Comunidade cobra responsabilização

Em nota oficial, o COMAC expressou indignação com o tratamento dado pelas autoridades ao agressor e afirmou que buscará responsabilização judicial.

“O agressor é policial e foi retirado do local por uma ambulância pelo fato de os policiais que nos atenderam na hora declararem que ele estava em ‘surto’, mostrando bem que o tratamento com os deles é bem diferente de como tratam os nossos em qualquer lugar dessa cidade. (…) Não aceitaremos nenhum tipo de suborno ou tentativa de nos calar diante de todas as agressões e ameaças feitas pelo agressor. Nossa conversa é na Justiça e assim será. Lugar de criminoso e racista é na cadeia, independente de sua patente.”

A nota ainda denuncia que os ataques refletem um problema estrutural de apagamento das religiões de matriz africana:

“Repudiamos qualquer tipo de ataque a qualquer pessoa ou terreiro de matriz africana, e não nos calaremos diante das ameaças e agressões realizadas por ele.”

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Fundação de Cultura se manifesta

A Fundação Rio das Ostras de Cultura também emitiu uma nota de repúdio aos ataques sofridos pelo COMAC:

“Após ataques ao Ponto de Cultura Afrocentrado COMAC, ligado às matrizes africanas, na localidade de Bela Vista, a Fundação Rio das Ostras de Cultura vem a público informar que repudia qualquer ato de preconceito e violência em virtude da religião, raça, gênero e orientação sexual. É importante ressaltar que a discriminação religiosa, assim como a de raça, etnia ou procedência, são crimes sujeitos a reclusão e multa.”

Intolerância religiosa é crime

A legislação brasileira prevê punições para crimes de intolerância religiosa, com penas que podem chegar a três anos de reclusão. O caso em Rio das Ostras reforça a urgência de medidas efetivas para garantir a liberdade religiosa e a segurança de comunidades afro-brasileiras, especialmente em espaços historicamente marginalizados.

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