Com o apoio da Prefeitura de Cabo Frio, o Horto Municipal Antônio Ângelo Trindade Marques, no bairro Portinho, recebeu mais uma edição de sucesso da Feira Quilombola. O evento, que celebrou o Dia dos Pais, reuniu moradores e turistas, oferecendo uma programação repleta de atrativos artísticos e culturais, comercialização de produtos agroecológicos, artesanato sustentável e muita gastronomia típica.
Promovida pela Cooperativa das Comunidades Quilombolas da Região dos Lagos (Cooperquilombo) e pela Cooperativa da Agricultura Familiar da Região dos Lagos (CoopaLagos), a feira é realizada todo segundo sábado de cada mês com o apoio das secretarias de Meio Ambiente, Saneamento e Clima e de Cultura.
Durante a edição deste sábado (9), o público pôde adquirir uma variedade de produtos oriundos da agricultura familiar, como aipim, banana, laranja, farinha e pimenta, dentre outros, além de artigos artesanais diversos, quitutes e pratos típicos da culinária quilombola e afro-brasileira. A programação musical agitou o evento com apresentações da banda DesAmélias e dos artistas Junior Carriço e Jisele Gaspar.
Os visitantes também puderam conferir de perto o meliponário instalado no local com exposição de abelhas nativas sem ferrão e venda de mel. Quem passou pelo espaço teve a oportunidade de aprender sobre a importância ambiental das abelhas, o seu papel na polinização e na preservação da biodiversidade local, graças ao trabalho educativo conduzido pelo apicultor e meliponicultor, Assis Mafort.
Responsável pela organização da feira, a engenheira ambiental e sanitarista, Alessandra Rangel de Oliveira, quilombola da comunidade de Maria Romana, conta que o projeto nasceu com o objetivo de trazer as comunidades quilombolas para a região central da cidade, dar visibilidade e fortalecer a economia das famílias:
“Cabo Frio tem seis comunidades quilombolas, e uma sétima que está se formando, e muitas pessoas não conhecem. Somos reconhecidos como os guardiões do nosso território, através da nossa cultura, da nossa vivência, dos nossos saberes ancestrais e da nossa produção artesanal e familiar, dentro de uma agricultura que respeita o ciclo da natureza e contribui para a preservação ambiental. A nossa Feira não só dá visibilidade aos quilombolas, mas também ajuda a escoar nossa produção e mostrar que somos patrimônio cultural, ambiental e histórico do município. E a gente agradece muito o apoio da Prefeitura, que tem sido fundamental. Desde o início, o governo tem nos acolhido e nos ajudado a manter, valorizar e fortalecer o movimento quilombola na cidade”, destacou Alessandra.

O presidente da Cooperquilombo, Altair Barreto, nascido e criado no Quilombo Maria Romana, reforçou o papel do evento para a sustentabilidade e preservação da cultura quilombola: “Estamos há dois anos com a cooperativa organizada e trabalhamos aqui na feira com seis comunidades, Maria Romana, Fazenda Espírito Santo, Preto Forro, Maria Joaquina, Botafogo e São Jacinto, e aqui conseguimos mostrar a força da agricultura familiar e da nossa tradição. Antes, muitos produtos se perdiam nas comunidades; hoje, se transformam em renda para o produtor. Tudo sem agrotóxicos e com adubo orgânico. É uma economia sustentável que mantém viva a nossa história”, salientou.
Do bairro Peró, a orquidófila Telma Mateus Brandão, que participa da feira há quase dois anos, ressaltou a dimensão afetiva e cultural do evento: “Essa feira é riquíssima. É muito mais do que um espaço de venda e de exposição de trabalhos, é uma verdadeira ‘higiene mental’, um lugar muito agradável onde encontramos alegria, música, comida boa, amizade e um lazer seguro. Sou muito grata e feliz pela oportunidade de participar. É onde eu mais gosto de estar”, destacou a produtora, que cultiva orquídeas e bromélias.
As educadoras Heidi Zimmer, moradora de Cabo Frio, e Beatriz Miranda, de Arraial do Cabo, são amigas e frequentadoras assíduas da Feira Quilombola: “Para nós virou uma tradição vir à feira e todas as vezes que venho eu sempre fico encantada. Hoje provei um nhoque de beterraba maravilhoso, mas já experimentei também o de banana e o de aipim. É muito diferente comprar diretamente do produtor, porque aqui encontramos alimentos frescos, mel, frutas, verduras e o artesanato, tudo com muito cuidado e carinho. É um espaço lindo, com produtos de qualidade e música boa”, ressaltou Heidi.


“A feira traz valorização para os quilombolas e pequenos produtores do segundo distrito e da região, movimenta a economia criativa e dá uma visibilidade importante para a agricultura familiar de Cabo Frio, que não é só praia, mas também tem uma área agrícola enorme e muito rica”, complementou Beatriz.
Além das comunidades quilombolas de Cabo Frio, o evento também abre espaço para comunidades de outros municípios da Região dos Lagos, além de pequenos produtores rurais, artesãos e coletivos culturais locais. Ao todo, 80 expositores estão cadastrados, com participação rotativa a cada edição.
Sobre o Horto Municipal
De segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, o Horto Municipal Antônio Ângelo Trindade Marques está aberto à população. O espaço oferece doação gratuita de duas mudas de árvores nativas ou frutíferas por CPF, com espécies como araçá, acerola, caju, graviola, amora, pau-brasil, flamboyant, resedá e ipês, dentre outras.
Além da ampla área verde, o Horto mantém um meliponário, horta de cultivo e um espaço voltado à preservação e educação ambiental. O público também pode aproveitar o parquinho infantil e as áreas de contemplação da natureza.
O local também abriga um projeto gratuito de aulas de violão, realizado pela Prefeitura, todas as segundas e quartas-feiras, com o artista e professor de música, Júnior Carriço.
O Horto Municipal fica localizado na Avenida Henrique Terra, s/n, bairro Portinho.