Os Estados Unidos anunciaram recentemente um “tarifaço” de até 50% sobre diversos produtos importados do Brasil, medida que tem gerado apreensão entre exportadores e autoridades brasileiras. No entanto, setores estratégicos como o de aviões, suco de laranja e celulose foram poupados da taxação extra, o que levanta questionamentos sobre os critérios adotados e os impactos práticos da decisão.
A medida foi oficializada pelo presidente Donald Trump. A ação foi interpretada como parte de uma política mais protecionista dos EUA, focada na redução do déficit comercial com países que têm forte presença no mercado norte-americano — como o Brasil.
O que é o “tarifaço” e por que foi anunciado?
O “tarifaço” consiste na imposição de tarifas adicionais sobre produtos importados com o objetivo de proteger a indústria nacional e equilibrar a balança comercial. No caso do Brasil, a nova alíquota chega a 50% em alguns itens, tornando mais caros e menos competitivos esses produtos no mercado americano.
A decisão veio após alegações do governo norte-americano de que o Brasil estaria se beneficiando de práticas comerciais consideradas desleais, como subsídios à indústria e desvalorização cambial. A medida, no entanto, não é inédita: ações semelhantes já haviam sido adotadas anteriormente por Trump contra países como China e México.
Quais produtos brasileiros não foram afetados?
Apesar de ampla, a lista de produtos afetados pelo tarifaço não inclui setores-chave da economia brasileira. Entre os principais produtos que ficaram de fora da tarifa adicional estão:
-
Aviões: A Embraer, principal fabricante brasileira do setor, não será impactada diretamente pela medida. Analistas avaliam que a isenção é uma forma de manter equilíbrio no setor aeronáutico global e evitar tensões com uma fornecedora estratégica de aeronaves regionais.
-
Suco de laranja: O Brasil é o maior exportador mundial do produto e tem forte presença no mercado dos EUA. A exclusão do suco de laranja da tarifa de 50% foi bem recebida pelo setor agrícola brasileiro, especialmente no estado de São Paulo, que concentra a produção.
-
Celulose: Matéria-prima essencial para a indústria de papel e embalagens, a celulose também foi poupada. O produto é um dos líderes na pauta de exportação brasileira e sua isenção foi vista como positiva para manter a competitividade do setor.
Outros produtos brasileiros, porém, não tiveram a mesma sorte e foram incluídos na nova política tarifária, o que poderá afetar as exportações de segmentos como o siderúrgico, têxtil e de produtos manufaturados.
Por que alguns setores foram isentados?
Segundo especialistas do setor de comércio exterior, as isenções refletem tanto interesses econômicos dos próprios EUA quanto a interdependência em cadeias produtivas. Produtos como aviões, suco de laranja e celulose têm relevância estratégica e, em alguns casos, os EUA dependem da importação desses bens.
Além disso, pressões de setores norte-americanos que utilizam esses insumos ou têm parcerias com empresas brasileiras também influenciaram as exceções.
Impactos para o Brasil
A decisão parcial de impor tarifas pode representar um duplo desafio para o Brasil. De um lado, setores não isentados terão que lidar com custos mais altos e possível queda nas exportações. De outro, a exclusão de setores como o de aviação e agronegócio ajuda a preservar empregos e receitas importantes para a economia nacional.
Em resposta, o governo brasileiro afirmou que estuda medidas diplomáticas e comerciais para mitigar os efeitos do tarifaço, mas também sinalizou que pretende manter o diálogo aberto com os EUA para evitar uma escalada de tensões.
Caminhos para o futuro
Com a crescente imprevisibilidade nas relações comerciais internacionais, especialistas reforçam a importância de o Brasil diversificar mercados e ampliar acordos com outros países, como forma de reduzir a dependência dos EUA.
Ao mesmo tempo, é essencial que empresas brasileiras estejam preparadas para eventuais mudanças tarifárias e se adaptem com inovação, eficiência e alianças estratégicas.
Quer ser a voz da sua cidade? Envie sugestões, pautas e relatos locais para nossa equipe.
Compartilhe, comente e opine: sua participação fortalece o jornalismo regional.
Editorial Conexão Lagos – WhatsApp: (21) 97949-0675