A cidade de Saquarema, um dos destinos mais desejados da Região dos Lagos, enfrenta um problema urbano que cresce a olhos vistos: o colapso do trânsito na Avenida Saquarema, especialmente nos dias em que há eventos no recém-inaugurado Centro de Convenções Municipal.
Como jornalista que trafega diariamente por essa via — e como morador que convive com os impactos desse cenário — posso afirmar que o caos é real, cotidiano e crescente. O que deveria ser uma obra de avanço e modernização virou um símbolo da falta de planejamento urbano e de decisões tomadas sem diálogo com quem mais entende da cidade: a população.
Um projeto mal planejado desde o início
Não é preciso ser especialista em engenharia de tráfego para perceber que o Centro de Convenções foi implantado sem um Estudo de Impacto Viário (EIV) sério. O espaço foi construído sem estacionamento próprio, exatamente sobre a principal via urbana de ligação da cidade, que já sofria com lentidão, e ainda recebeu novos gargalos com sua inauguração.

Na Avenida Saquarema, o que se vê hoje são diversos quebra-molas, alguns deles posicionados sob semáforos, criando verdadeiras paredes para o trânsito.
Além disso, toda a extensão da Avenida Saquarema foi afunilada de maneira inexplicável, passando de faixa dupla para simples, mesmo sendo uma das principais artérias de circulação da cidade. O que poderia ser uma via fluida e eficiente se transformou em um trajeto de congestionamento previsível.
E não para por aí. As faixas de sinalização horizontal implantadas pela Prefeitura estão em desacordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e com as diretrizes do Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito (CONTRAN/Denatran). Em diversos pontos, as faixas de bordo permitem que o estacionamento termine abruptamente em esquinas, sem respeitar a distância mínima obrigatória de 5 metros a partir da linha de cruzamento da via, como determina o artigo 181, inciso I, do CTB.
Essa falha permite que motoristas estacionem praticamente sobre as esquinas, prejudicando gravemente a visibilidade e a manobra de saída de veículos que vêm das ruas transversais. O resultado é mais lentidão, risco de colisões e estresse para quem precisa circular pela região diariamente.
A pergunta que fica é: quem aprovou esse rebaixamento técnico da infraestrutura viária da principal avenida do município? E com base em que critérios ou estudos?
Eventos agravam um problema já crônico
Sempre que há um evento no Centro de Convenções, especialmente em horários de pico, a situação foge do controle. Engarrafamentos quilométricos se formam, moradores ficam presos por horas, e o deslocamento de ambulâncias e viaturas de emergência é comprometido. Não estamos falando de exceções, mas de um problema recorrente e cada vez mais insustentável.

O mais irônico é que, na noite da última terça-feira (13), o centro sediou um evento cujo tema tem como base o “desenvolvimento sustentável”. Enquanto isso, do lado de fora, o trânsito parado gerava altas emissões de gases poluentes, consumo excessivo de combustível, estresse da população e a ineficiência total da mobilidade urbana.

Não é só sobre o entorno — é sobre toda a cidade
Muito se fala em soluções pontuais no entorno do Centro de Convenções, mas o problema é muito maior. O que Saquarema precisa com urgência é de um estudo técnico sério e completo, que contemple todo o traçado da Avenida Saquarema, desde suas origens até os acessos principais. Não se trata apenas de corrigir um erro — mas de revisar todo um planejamento urbano falho e desconectado da realidade atual da cidade.
Também é fundamental que haja consulta pública, envolvendo a população, comerciantes, moradores e profissionais de mobilidade. Só assim será possível encontrar soluções que sejam viáveis, sustentáveis e respeitosas com quem vive a cidade todos os dias.
O que está em jogo é mais do que trânsito
Este debate não é apenas sobre engarrafamentos. É sobre qualidade de vida, acesso à cidade, segurança viária e responsabilidade pública. Não podemos aceitar que decisões técnicas questionáveis se perpetuem em nome de uma suposta modernização. Obras precisam deixar legados funcionais, e não marcas de vaidade administrativa.
Você também sente os impactos do trânsito na Avenida Saquarema?
Envie sua experiência, fotos ou vídeos para o nosso WhatsApp: (21) 97949-0675. Sua voz pode ajudar a transformar essa realidade.