REGIÃO DOS LAGOS — Paralisação do navio-plataforma Peregrino acende alerta econômico: royalties em queda ameaçam orçamentos municipais

A interdição do navio-plataforma Peregrino, que opera na Bacia de Campos, provocou um alerta generalizado nos municípios da Região dos Lagos. A unidade, responsável por uma produção diária estimada em 100 mil barris de petróleo, está temporariamente fora de operação por determinação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), após denúncias sobre condições de trabalho e segurança a bordo.

Mais do que um problema de gestão industrial, a paralisação traz consequências econômicas diretas para cidades que dependem fortemente dos royalties do petróleo para manter serviços essenciais. Cabo Frio, Armação dos Búzios e Arraial do Cabo estão entre os municípios que mais sentirão o impacto da queda na arrecadação, prevista já para o próximo trimestre.

Royalties: o peso da dependência

Segundo dados oficiais da ANP, Cabo Frio recebeu em julho mais de R$ 29 milhões em royalties, liderando a arrecadação na Região dos Lagos. Com a paralisação do Campo de Peregrino, operado pela multinacional Equinor e com participação da Prio, a tendência é de queda drástica nesses repasses.

Especialistas ouvidos pelo setor energético afirmam que, devido à fórmula de cálculo dos royalties — que considera volume produzido, preço do barril e localização geográfica —, qualquer interrupção na produção tem reflexo direto nos repasses feitos à União, estados e municípios. E para cidades com forte dependência desse recurso, a perda pode comprometer investimentos em áreas como saúde, educação, infraestrutura, cultura e turismo.

Cabo Frio já adota medidas de contenção

A Prefeitura de Cabo Frio saiu na frente e anunciou no último dia 23 um pacote de austeridade para conter os efeitos da queda de receita. Entre as ações, estão:

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  • Corte de cinco secretarias municipais;

  • Redução de 20% nos contratos contínuos;

  • Suspensão de eventos e shows bancados com recursos públicos;

  • Corte de cargos comissionados;

  • Revisão geral de despesas administrativas.

O prefeito Dr. Serginho (PL) declarou que o objetivo é garantir o funcionamento pleno dos serviços públicos, com foco em saúde e educação, e manter os salários dos servidores em dia. Obras em andamento e o réveillon de 2025/2026 foram mantidos, sendo este último com financiamento da iniciativa privada.

Silêncio em Búzios e Arraial do Cabo

Até o momento, as Prefeituras de Armação dos Búzios e Arraial do Cabo não divulgaram planos específicos para lidar com a redução iminente dos repasses. Ambas as cidades também recebem royalties consideráveis, ainda que em menor escala do que Cabo Frio, e compartilham a mesma vulnerabilidade fiscal.

Em Búzios, a maior preocupação está relacionada à manutenção de programas de incentivo ao turismo e à infraestrutura urbana. Já em Arraial do Cabo, há temor de impacto sobre ações sociais e projetos ambientais, que também dependem de recursos oriundos do petróleo.

Empresas se mobilizam para retomada

A Equinor, operadora do campo, informou em nota que trabalha para resolver as pendências apontadas pela ANP e retomar a operação do Peregrino “com total segurança”. Já a Prio, parceira na produção, reforçou seu compromisso com a regularização das atividades e a mitigação dos efeitos econômicos da paralisação.

A previsão mais otimista, segundo fontes do setor, é que a produção seja normalizada entre o fim de outubro e o início de novembro, o que ainda dependerá da conclusão das vistorias e da autorização formal da ANP.

Sinal de alerta para o modelo econômico regional

A crise gerada pela paralisação do Peregrino expõe, mais uma vez, a fragilidade de um modelo de gestão municipal fortemente dependente dos royalties. Especialistas defendem que a Região dos Lagos precisa diversificar sua base econômica com urgência, investindo em inovação, turismo sustentável, economia criativa e incentivo ao empreendedorismo local.

Sem isso, afirmam os analistas, episódios como o atual podem se repetir com consequências cada vez mais severas para as finanças públicas e a qualidade de vida da população.

Você acha que a sua cidade está preparada para enfrentar a queda dos royalties? Tem alguma sugestão para diversificar a economia da Região dos Lagos? Envie seu relato.

Comente, compartilhe e ajude a debater o futuro econômico da nossa região.

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