Combustível com forte cheiro de solvente danificou o motor do carro e expõe um risco silencioso enfrentado por motoristas na Região dos Lagos

Um episódio recente em Saquarema voltou a acender o alerta sobre um problema que afeta milhares de motoristas em todo o país: a gasolina adulterada. Após abastecer apenas 10 litros em um posto da cidade, um motorista percorreu menos de um quilômetro antes de sentir algo estranho no funcionamento do veículo.

O carro começou a tremer, perder força e apresentar falhas graves no motor. Sem entender o que estava acontecendo, o condutor precisou parar em outro posto para buscar ajuda mecânica. A surpresa veio logo após a retirada do combustível: um forte cheiro de aguarrás tomou conta do ambiente, revelando que a gasolina estava misturada com solventes em níveis anormais — uma adulteração grave, perigosa e criminosa.

O resultado? Um prejuízo de mais de R$ 1.500 para o conserto do cabeçote do motor, além do transtorno e dos riscos à segurança enfrentados pelo motorista.

Outro morador da cidade relatou um problema semelhante. Após abastecer sua moto no mesmo posto, notou uma perda repentina de potência e falhas no motor. A motocicleta precisou ter o tanque completamente esvaziado para que o problema fosse corrigido. Assim como no caso anterior, o forte odor químico era evidente no combustível retirado.

Em ambos os relatos, os consumidores afirmaram que não solicitaram a nota fiscal no momento do abastecimento, o que os impede de formalizar ressarcimentos. Além disso, revelaram que o valor pago pelo litro da gasolina estava acima dos R$ 6,00, compatível com o praticado por outros postos da cidade e da Região dos Lagos. O preço, considerado dentro da média local, reforça a suspeita de uma prática recorrente e dissimulada, já que, em muitos casos, a adulteração é mascarada por preços mais baixos para atrair o consumidor — o que não ocorreu neste caso.

Por temerem retaliações em uma cidade pequena como Saquarema, onde o anonimato é mais difícil de manter, os dois preferiram não se identificar publicamente na reportagem.

Anúncio

Uma prática recorrente, mas silenciosa

Casos como esses não são isolados. Em Saquarema e em outras cidades da Região dos Lagos, denúncias envolvendo combustíveis de má qualidade têm se tornado cada vez mais frequentes. A adulteração pode incluir solventes como querosene, álcool fora dos padrões ou até produtos químicos altamente voláteis e corrosivos.

Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), os combustíveis adulterados não só prejudicam o desempenho dos veículos, como também podem causar falhas graves em sistemas eletrônicos, entupimento de bicos injetores, desgaste prematuro do motor e até acidentes. Em alguns casos, a contaminação também atinge o solo e lençóis freáticos, gerando impactos ambientais duradouros.

Como identificar gasolina adulterada?

Embora o consumidor comum não consiga detectar a adulteração de forma precisa sem equipamento, alguns sinais servem de alerta:

  • Cheiro forte e diferente (solvente, álcool ou aguarrás)

  • Aumento súbito no consumo de combustível

  • Perda de potência e falhas no motor

  • Dificuldade de partida

  • Fumaça excessiva saindo pelo escapamento

O que fazer se você abastecer com combustível suspeito?

  1. Guarde a nota fiscal do abastecimento. É o único comprovante válido para futuras denúncias ou ressarcimentos.

  2. Evite rodar com o veículo se notar sintomas estranhos logo após abastecer.

  3. Leve o carro ou moto a um mecânico de confiança para avaliar e, se necessário, retirar o combustível.

  4. Registre a denúncia nos canais da ANP e do Procon do seu estado. A ANP pode realizar fiscalização e autuar o estabelecimento.

Fiscalização e denúncias

A ANP realiza operações frequentes em todo o estado do Rio de Janeiro, mas conta com o apoio da população para identificar suspeitas. As denúncias podem ser feitas anonimamente pelo telefone 0800 970 0267 ou pelo site www.anp.gov.br.

Já o Procon-RJ também disponibiliza canais diretos para reclamações sobre combustíveis, seja por irregularidade na qualidade, ausência de nota fiscal ou prática abusiva de preços.

Prejuízo vai além do mecânico

Para os motoristas prejudicados em Saquarema, os transtornos ultrapassam o conserto dos veículos. “Foi um susto enorme, e pior ainda foi descobrir que esse tipo de prática é mais comum do que a gente imagina. Fiquei indignado, porque abastecemos com confiança e acabamos pagando um preço alto por algo que não causamos”, relatou uma das vítimas, que preferiu não se identificar.

A falta de responsabilização rápida dos postos envolvidos é outro obstáculo enfrentado por consumidores. Em cidades pequenas, o medo de retaliações e a dificuldade de comprovar a irregularidade — especialmente sem a nota fiscal — inibem denúncias formais.

Atenção redobrada na hora de abastecer

  • Prefira postos de bandeira conhecida ou que tenham boas avaliações

  • Observe o movimento do local — postos vazios podem indicar desconfiança dos clientes

  • Abasteça sempre o mesmo valor e quantidade para comparar o rendimento

  • Guarde sempre o cupom fiscal com data, hora, valor e CNPJ do posto

Uma responsabilidade coletiva

Casos como os de Saquarema reforçam a importância da fiscalização contínua e do consumo consciente. A luta contra a gasolina adulterada exige atenção das autoridades, mobilização da população e responsabilidade dos donos de postos.

Se você foi vítima ou testemunhou casos semelhantes, compartilhe sua história. Quanto mais denúncias, mais difícil será para práticas criminosas passarem despercebidas.

Você também já enfrentou problemas com gasolina adulterada em Saquarema ou em outra cidade da Região dos Lagos? Envie seu relato e ajude a tornar o consumo de combustíveis mais seguro para todos.

Comente, compartilhe e seja a voz da sua cidade.

Editorial Conexão Lagos – WhatsApp: (21) 97949-0675

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui