A Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Cultura e das Utopias, iniciou nesta quinta-feira (19/06) a segunda edição do Festival de Cinema e Política. Uma intensa programação segue até o dia 29/06 com exibições de filmes e debates dedicados à relação entre o cinema e a política. A abertura contou com a presença de cineastas, críticos, representantes de movimentos sociais e um público engajado.
A cerimônia de abertura teve como destaque a mesa de debate “Cinema e Política”, mediada por Sady Bianchin, secretário de Cultura e das Utopias de Maricá. Participaram da conversa Claudius Ceccon – fundador do Centro de Criação de Imagem Popular (CECIP); Janelson Ferreira e Maurício Romã, ambos diretores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); e Tetê Moraes, diretora do filme exibido.
“Maricá é um território de resistência cultural e política, e este festival é uma oportunidade única de refletirmos sobre o papel transformador que o cinema pode ter em nossa sociedade. A cultura, e especialmente o audiovisual, é uma poderosa ferramenta de mobilização, conscientização e mudança. Estamos felizes em ver nossa cidade se tornar cada vez mais um polo de discussões tão relevantes”, celebrou o secretário de Cultura e das Utopias, Sady Bianchin.
Na sequência, o público acompanhou a exibição do filme O Sonho de Rose (1997), dirigido por Tetê Moraes. A obra mistura elementos documentais e ficcionais para narrar a trajetória de uma mulher em busca de dignidade, enfrentando as desigualdades estruturais do país. Para a diretora, é necessário destacar o caráter coletivo tanto da produção cinematográfica quanto da luta social.
“O cinema é uma experiência coletiva, assim como é a luta da classe trabalhadora. Ninguém ocupa uma terra sozinho — isso acontece porque não há alternativa. A luta é organizada, construída coletivamente, assim como um filme. ‘O Sonho de Rose’ nasceu dessa mesma lógica: da união, da resistência e do sonho coletivo de transformar a realidade. O cinema pode e deve ser tão revolucionário quanto a luta social”, disse Tetê.
Para o representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Maurício Romã, é necessário destacar a importância da arte como instrumento de resistência. “O cinema tem esse poder: ele projeta sonhos, mas também escancara realidades. E num momento em que a barbárie se aprofunda — com gente sendo morta nas ruas ou por falta de terra —, manter viva a arte que denuncia e imagina é uma forma de seguir lutando. Por isso, a gente agradece e segue junto nessa caminhada”, pontuou.
A programação segue ao longo da semana com mesas temáticas e exibições que promovem diálogos entre cinema, política, memória e contemporaneidade — sempre com entrada gratuita e aberta ao público . O festival é uma realização da Secretaria de Cultura e das Utopias de Maricá, em parceria com o Centro de Criação de Imagem Popular (CECIP).
Confira a programação:
– Sexta-feira, 20 de junho
17h30 – Mesa: “Política do Audiovisual Brasileiro” — com Léo Edde, Zeca Brito, Mariana Marinho e Ana Abreu (mediadora)
19h – Filme: Legalidade (Zeca Brito, 2019)
– Sábado, 21 de junho
17h30 – Mesa: “Arte contra a Barbárie” — com Cid Benjamin, Lorena Leal (mediadora), Guto Neto e Susanna Lira
19h – Filme: Nada sobre meu pai (Susanna Lira, 2023)
– Domingo, 22 de junho
17h30 – Mesa: “Cinema, Sociedade e Ideias” — com Neville D’Almeida, Ruy Guerra e Ana Rosa Tendler (mediadora)
19h – Filmes: Primeiro Manifesto da Cultura Negra (1984) e Bye Bye Amazônia (2023), ambos de Neville D’Almeida
– Sexta-feira, 27 de junho
17h30 – Mesa: “Cinema, Religião e Política” — com Frei Betto, Marcela Giannini (mediadora), Sergio Luiz Souza, Sady Bianchin e Washington Quaquá
19h – Filme: Batismo de Sangue (Helvécio Ratton, 2007)
– Sábado, 28 de junho
17h30 – Mesa: “Cinema e Memória Social” — com Paula Sacchetta, Isis Macedo (mediadora), Mariana Figueiredo e Beto Novaes
19h – Filme: Verdade 12.528 (Paula Sacchetta, 2013)
– Domingo, 29 de junho
17h30 – Mesa: “Cinema, Política e Contemporaneidade” — com Hildegard Angel, Francisco Carlos Teixeira e Sergio Rezende
19h – Filme: Zuzu Angel (Sérgio Rezende, 2006)