Unidade será construída próximo à fronteira com o Suriname e custará €400 milhões; decisão gera críticas locais e reacende debate sobre presença francesa na América do Sul
O governo da França anunciou a construção de uma prisão de segurança máxima na Guiana Francesa, território ultramarino francês na América do Sul. O projeto, avaliado em €400 milhões, tem como principal objetivo isolar líderes do tráfico de drogas e extremistas islâmicos condenados por terrorismo, dificultando sua comunicação com redes criminosas.
A penitenciária será instalada na cidade de Saint-Laurent-du-Maroni, região noroeste da Guiana Francesa, fronteiriça com o Suriname — rota conhecida do tráfico de cocaína sul-americana com destino à Europa. Estima-se que cerca de 20% da cocaína apreendida na França transite por esse corredor.
Estrutura e vigilância extrema
Com capacidade para 500 detentos, a nova unidade contará com uma ala de segurança máxima para 60 prisioneiros, sendo 15 vagas reservadas a extremistas islâmicos. A estrutura contará com:
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Vigilância eletrônica 24h
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Bloqueadores de sinal de celular e drones
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Regime de isolamento severo
A proposta visa impedir que criminosos sigam comandando atividades ilícitas de dentro do sistema prisional, além de reduzir a superlotação nas cadeias locais, como a de Rémire-Montjoly, que operava com mais de 130% da capacidade.
Críticas e controvérsia
A decisão de construir a penitenciária sem consulta pública gerou revolta entre lideranças locais. O presidente da Coletividade Territorial da Guiana Francesa, Jean-Paul Fereira, classificou a iniciativa como um “retrocesso colonial”, citando o passado traumático da região, onde funcionou a temida colônia penal da Ilha do Diabo, conhecida por violações de direitos humanos.
Ele afirma que a nova prisão reforça uma imagem de marginalização da Guiana Francesa e ignora as reais necessidades sociais do território, como saúde, educação e geração de empregos.
Reflexos geopolíticos e segurança regional
A medida ocorre em um contexto de forte tensão no sistema prisional francês, que tem enfrentado ataques coordenados atribuídos ao narcotráfico, com incêndios e ameaças a agentes penitenciários. A Guiana Francesa, apesar de pouco comentada, ocupa uma posição estratégica na América do Sul — e suas dinâmicas impactam diretamente as rotas internacionais de drogas que passam também por Brasil, Colômbia, Suriname e Guiana.
Editorial Conexão Lagos
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