A tradicional Estação Ferroviária do bairro Jacaré, em Cabo Frio, acaba de ser oficialmente reconhecida como Patrimônio Histórico, Cultural e Arquitetônico de Natureza Material e Imaterial do município. A proteção foi garantida pela Lei nº 4.455, sancionada no dia 19 de fevereiro de 2025 pelo prefeito Serginho Azevedo, após uma intensa mobilização da sociedade civil e do setor cultural.
Inaugurada em 1937, a estação foi fundamental para o desenvolvimento econômico da cidade, especialmente no escoamento da produção de sal e cal, principais atividades da região naquela época. O tombamento assegura a preservação de toda a estrutura arquitetônica original, dos bens móveis relacionados ao funcionamento histórico da estação e dos elementos simbólicos que compõem a memória coletiva da população cabofriense.
O movimento em defesa da estação ganhou força em novembro de 2024, quando surgiram rumores sobre a transformação do prédio em um supermercado, gerando forte repercussão nas redes sociais e levando o Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (CMUPAC) a se mobilizar. Apesar das negativas oficiais por parte da Prefeitura e do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) sobre a existência do projeto, o alerta resultou na apresentação do projeto de tombamento pelo então vereador Davi Souza, aprovado posteriormente pela Câmara Municipal.
Além do reconhecimento oficial, a nova legislação determina que a Secretaria Municipal de Cultura e o Instituto Municipal do Patrimônio Cultural inscrevam a estação no Livro de Tombo das Formas de Expressão e instalem placas explicativas que ressaltem o valor histórico do local.
O Inepac confirmou que houve discussões sobre a instalação de um supermercado na área desde março de 2024, com notificações e fiscalizações realizadas, mas sem qualquer obra autorizada até o momento.
Para o escritor e pesquisador Célio Pimentel, autor do livro “Estrada de Ferro Maricá”, o reconhecimento é uma vitória da memória histórica. “A estação de Cabo Frio chegou justamente no período em que mais se necessitava desse transporte. Atendia toda a produção das salinas, que era exportada para diversos estados. Foi um marco essencial para o desenvolvimento da cidade”, declarou.
A preservação da estação é, portanto, mais do que uma conquista patrimonial: é uma afirmação do respeito à identidade cultural e ao legado histórico de Cabo Frio.
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