E o Rio de Janeiro segue firme em seu compromisso de ser um episódio inédito de Black Mirror dirigido por Zorra Total. No dia 8 de maio de 2025 — com Mercúrio em marcha ré e o bom senso também — a Câmara Municipal aprovou o projeto de lei que cria o Dia da Cegonha Reborn, a ser celebrado todo 4 de setembro. Sim, minha filha. É isso mesmo: parir boneca agora dá data comemorativa. Cadê a Dilma pra dizer que mulher que pare mulher merece uma estátua? Porque pelo visto, quem pare silicone, ganha feriado.

A proposta foi do vereador Vitor Hugo (MDB), que aparentemente confundiu o plenário com um chá revelação coletivo. Segundo ele, a intenção é homenagear as artesãs chamadas de “cegonhas”, responsáveis por confeccionar essas bonecas hiper-realistas conhecidas como bebês reborn. Sim, elas ganham esse nome porque entregam os “bebês” às novas “mamães” como se a maternidade fosse um cosplay emocional de novela mexicana.

E como se não bastasse termos um papai de boneca de silicone em plena Câmara dos Vereadores, a tour teve apoio de coleguinhas igualmente surtados que votaram a favor do projeto — transformando o plenário numa creche institucional onde o brinquedo virou prioridade e a lógica pública foi deixada no berço. Ou seja, não foi só o Vitor Hugo que mamou nessa ideia: teve vereador batendo palma e dando benção como se a boneca fosse neta política.

O argumento do vereador? Preparem a pipoca e a terapia: ele diz que o nascimento de um bebê é um momento singular na vida de uma mulher, e que as “mamães reborn” compartilham dessa experiência simbólica. Amado, simbólica pra quem? Isso aqui tá mais pra performance do Tadeu Schmidt lendo carta no BBB do que experiência maternal.

Mas calma que piora: segundo ele, muitas dessas bonecas são usadas como recurso terapêutico por mulheres que enfrentaram perdas gestacionais ou lidam com o luto. Uma dor real, claro. Mas transformar isso em lei municipal? Comemorar com festa, bolo e data marcada? É tipo fazer aniversário de término de namoro — só serve pra repostar drama no Instagram.

Enquanto o Rio afunda na crise da saúde, da segurança e do transporte, os vereadores estão aqui preocupados em legislar sobre bonecas que parecem que vão pedir o Pix. O próximo passo é incluir reborn em fila de creche e liberar bolsa berçário? Ou vão querer dar título de eleitor as bonecas?

A pergunta que fica: o tal “auxílio terapêutico” tá ajudando ou criando um novo transtorno coletivo? Porque tem muita marmanjo parindo plástico, tratando boneca como herdeira e esquecendo de cuidar da criança interior que só precisava de um carinho e uma dose de realidade.

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Se a cegonha agora traz boneca de silicone, imagina quando o gavião legislativo começar a entregar diploma honorário de maternidade simbólica. O surto é real, mas o bebê… é de borracha.

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