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Arraial do Cabo, um dos destinos mais cobiçados da Região dos Lagos, está no centro de um escândalo que escancara o abismo entre os recursos públicos investidos e a realidade enfrentada por servidores e pacientes da saúde municipal. Com R$ 330 milhões empenhados nos últimos dois anos para a área, denúncias graves envolvendo a Organização Social Prima Qualitá levantam suspeitas de má gestão, desperdício e falta de transparência.
Relatos obtidos com exclusividade pelo Conexão Lagos revelam um cenário de abandono no Hospital Geral de Arraial do Cabo, onde funcionários consomem alimentos vencidos, como manteiga com mofo, em meio a baratas e infiltrações. Enquanto isso, membros da alta gestão municipal exibem nas redes sociais uma rotina de luxo, com cervejas importadas e roupas de marca — um contraste revoltante diante da precariedade do serviço básico de saúde.
No centro dessa polêmica está a Prima Qualitá, contratada para gerenciar o hospital, o Pronto Socorro de Figueira, a Central de Transporte e o Centro de Imagem da cidade. A OS, que já opera em outros municípios do estado, é alvo de uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), que determinou a suspensão imediata dos pagamentos à entidade após constatar irregularidades na contratação de empresas e profissionais com vínculos políticos e societários suspeitos.
Entre as denúncias, estão contratações sem critérios técnicos, empresas abertas dias antes de serem escolhidas para prestar serviços milionários e favorecimento a sócios com ligações diretas com administradores da própria OS. As práticas levantaram fortes indícios de direcionamento e ferem princípios básicos da administração pública.
Enquanto os holofotes se voltam para a investigação do TCE-RJ, servidores seguem atuando em condições insalubres e a população cabista continua sofrendo com a falta de estrutura, medicamentos e dignidade no atendimento. A Prima Qualitá, por sua vez, se defende com números de pacientes atendidos e reformas pontuais — mas a realidade nas unidades de saúde desmente o discurso otimista.
A população de Arraial do Cabo clama por respostas. E o mínimo que se espera é transparência, respeito ao dinheiro público e dignidade no atendimento de saúde.
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